[RESUMO] "1923 – Os Modernistas Brasileiros em Paris" reúne textos， muitos até então inéditos em livro， de artistas como Oswald de Andradebanca fake fortune tiger， Di Cavalcanti e Sérgio Milliet， além de ensaios de pesquisadores， sobre a interação dos modernistas de 22 e os vanguardistas europeus. Obra forma um mosaico desse período parisiense que deixaria marcas profundas na arte brasileira.

No meio do caminho entre a Semana de Arte Moderna， de 1922， e o Manifesto Pau-Brasil， de 1924， tinha uma pedra de toque. Tratava-se de Paris， o mais influente polo de irradiação da cultura ocidental， onde a maioria dos jovens expoentes do modernismo brasileiro passou uma intensa temporada em busca de referência e aprovação.

"1923 – Os Modernistas Brasileiros em Paris"， organizado pela pesquisadora Gênese Andrade， oferece um mosaico dessa debandada coletiva que deixaria marcas profundas na arte produzida no país nas décadas seguintes.

A obra reúne escritos da época de Oswald de Andrade， Di Cavalcanti e Sérgio Milliet， alguns inéditos em livro， e artigos de uma dúzia de estudiosos do movimento. Os arroubos artísticos da época são temperados pela reflexão acadêmica que se beneficia do olhar em retrospecto， uma mescla que resulta na excelência do trabalho.

A relevância cultural da capital francesa era inquestionável. Para Milliet， após a Guerra Mundial (1914-1918)， Paris se tornara o supremo árbitro. "Sua sentença é lei: aqui se resolve se um artista tem gênio ou não o tem"， escreveu o poeta. Oswald， que tinha gênio de sobra， endossava a avaliação sobre a cidade-luz. "É no seu íntimo cadinho que se formam hoje e se debatem as correntes dominadoras da expressão do nosso tempo"， anotou o escritor em artigo publicado no jornal "Correio Paulistano".

Os brasileiros passaram pelo rigoroso crivo da vanguarda parisiense， que em pouco tempo viria a tratá-los como seus pares. Um marco da inserção do grupo foi a concorrida conferência de Oswald em palco prestigiado， onde ele， domando o estilo provocador， pontificou sobre o panorama cultural do país， para desembocar， previsivelmente， na exaltação da Semana de 22.

Em carta a Monteiro Lobato， Oswald se permite uma autoironia: "Fiz conferência. Jeca Tatu na Sorbonne". Mas a verdade é que o êxito da empreitada tinha para ele um sabor de revanche. Ao escrever para Mário de Andrade pouco antes do evento realizado em maio， ele anotou: "São Paulo [...] vaiou-me na Semana de Arte Moderna. Quando esta aí aportar Paris me terá aplaudido". Um ano depois， o troco estava dado.

Nascido em família abastada e sem maiores preocupações financeiras， Oswald aproveitou a estada em Paris para escrever "Memórias Sentimentais de João Miramar"， que publicaria em 1924， ao voltar ao Brasil.

O escritor vivia com a pintora Tarsila do Amaral， filha da oligarquia paulistana. O casal Tarsiwaldbanca fake fortune tiger， como era conhecido， ocupava o pico da pirâmide social da colônia artística brasileira em Paris， que frequentava seu apartamento nas feijoadas de domingo e em outras ocasiões.

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